Que... 


                                        Rosa Pena


Se existe um Deus da poesia que Ele não permita que a decepção amarre meus dedos para que eu não mais solte meus sonhos em versos. Que não me assalte o medo de abrir os meus lábios e entregar os beijos de carinho que guardei com tanto cuidado e ficaram sem vez. Que o temor não me feche os olhos para um novo afeto, que eu não transpire o cheiro da desconfiança, que a descrença não tranque meu coração num baú de nostalgia sem a chave da esperança. Que a insensatez não tenha mais vez, ao ponto deu renegar os sonetos de Vinícius de Moraes. Que o temor não emudeça o grito: - Eu te amo!, que minhas cordas vocais tanto reclamam em soltar. Que eu descubra novas asas e voe com elas além do horizonte de um papel amarelado. Que eu esqueça as incoerências, as mentiras e volte a ser aquela que vê estrelas em calçadas fazendo serenata para os enamorados. Que eu seja capaz de receber um novo amor como se fosse o primeiro e que ele seja o tema do mais perfeito de meus poemas. Que eu reprise Fernando Pessoa e grite aos quatro ventos:
“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.



9 de outubro de 2006




Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 09/10/2006
Alterado em 19/08/2008
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