Felicidades Rosa!
                                                Rosa Pena
 
 
O fogo, esse fogo remoto infinito.
Um vento vindo do acaso é o suficiente para reavivar a chama, para reacender o pavio. É como se as mãos de um guri se tornassem as sábias mãos do pai. É nesse instante que tudo que sempre existiu na vida se transforma em novidade no coração. É o renascimento das emoções herdadas de Shakespeare, de Drummond, de Vinicius, que chegaram até a mim e me fazem seguir sempre, ainda que agora um pouco mais devagar. Meus passos atualmente não são tão sôfregos como dantes. Mas sigo!


 Bolos de aniversários. É claro que a chama inúmeras vezes chamuscou meus dedos!  Parabéns, parabéns, parabéns! Mesmo que em vários bolos tenham tido fatias de dor, assim como algumas das velas que assoprei estavam acesas de saudades, apesar dos lugares vagos nas ceias de natal, do aumento da azia, das lágrimas derramadas em mil situações, até em propagandas de celular, dos momentos de total escassez lírica... Eu segui. Quantas vezes eu busquei nas fotos amareladas de meus pais ou no rosto de minha filha o tema e a rima para dar um sorriso poema?
 
Se eu disser “mais um ano se passou” vai parecer música, mas passou sim e meu aniversário está ai novamente e eu até ainda pouco insistia em dar volta no tempo.
Descobri com o zíper do meu vestido preto "tudo de bom" que o meu quadril é de mulher em total climatério (do tamanho da entrada do cais do Porto) e resolvi parar de brigar com o tempo. Estou menos inocente, com risadas mais escassas, com medo do sol (agora uso filtro solar), com obrigação de queimar calorias e parar de queimar neurônios! Agora já sei que o pileque é mais leve, o beijinho mais suave, o cafuné é o substituto, a TV fica mais tempo ligada, o som é bem mais baixo, o frio e o calor são mais intensos e o fecho do vestidinho não vai subir nem que a vaca tussa. Agora é estação de espera, mas daquela que vira esperança. Sim! Virão os rostinhos ansiosos, as risadas límpidas que pegarão a tocha, pois o fogo jamais acaba. Disse no início: É infinito...Só muda de mãos.

 
Ah! Que vontade imensa de fazer castelinhos na areia, contar que a bela furou o dedo mais acordou com um beijo, que o patinho não era tão feio.
 
 Ah! Que vontade incomensurável de ouvir:  
-Vovooooooooooooooooooooó!!!!!!!!!!!!!!!
O fecho do vestidinho fechará direitinho na dona dessa voz.

 
Tem muita coisa bonita pela frente para viver.

Felicidades Rosa!



ps: (niver em 12/10)
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 07/10/2009
Alterado em 14/10/2009
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