Gostoso

Rosa Pena






Camisa hering ou de linho Richards quando tiver um puta evento. Calça jeans a maior parte do tempo, ocasionalmente uma de bolso faca, unhas sempre limpas, mas jamais feitas em manicure, cabelos cheirosos, sem sebo, sem caspa, sem gel, sem tintura alguma. Um pouco desleixado. UI!

Pele áspera, mas hidratada, jamais com pinta de quem fez peeling. Barriga mediana, nunca dura e pontuda com gordura condensada, mas tanquinho não. Rugas em volta dos olhos seduzem, nariz um pouco maior do que devia, tênis ou sapatos irretocáveis. Tenho tesão em sapato. Não pode ter cachorro poodle, muito menos gatinho. Ou cachorro grande ou nada, assim como sequer pode imaginar ter um passarinho na gaiola, que dirá colocar capa nela, pro bichinho além de preso se sentir cego.

Cotovelos claros, barba com um aspecto de que foi feita pela manhã, cheirinho gostoso no cangote, ter raiva de shopping, não ficar hipnotizado com vitrines. Ter pêlos, jamais em excesso (principalmente na bunda), mas no peito alguns são ótimos, para a gente se sentir acariciada por eles. Poucos cravos que eu mesmo tiro. Esfoliar? Se esfolia em mim. Ai!

 Em tempo algum belo demais. Competição é no Jockey Club. Interessante, com um sorriso safado, ar dominador, mas que chora “combo” no cinema. Inteligente a ponto de  saber tudo de bolsa de valores,  mercado futuro, mas não se acerta com uma agenda de celular e nunca colocaria como toque Pour Elise (coitado do Beethoven), nem Elise, nem ninguém. Telefone não é CD. Culto, antenado que sempre sabe das coisas, refinado, mas que adora comer pizza e fazer carinha de novidade quando a gente conta algo batido com ar de empolgada.

 Adora lençol branco 100% algodão e não é chegado a demonstrar sentimentos em público. Beijo the end antes dos créditos é a dois. Quem quiser ver que pague ingresso. Compra a playboy, pois adora ver bunda feminina, toma Antártica, gosta de mortadela, assim como ama um presunto pata negra e sabe escolher um vinho melhor que o Renato Machado. Ouve jazz, blues, Marisa Monte, Arnaldo Antunes, Beatles. . .Sertanejo nem amarrado.

 Repara a camisola nova, e, acima de tudo, jamais adquire o jeito de carro usado cheio de plastique. Amadurece em estado zero KM, onde a gente sempre terá que aprender como conduzir e amaciar, apesar de que essa espécie masculina já nasce lingerie. Sempre uma caricia.
Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 29/09/2009
Alterado em 01/10/2009
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