Phantom of the net
 
Rosa Pena

Chega mais um escrito dele e em seguida diversos comentários com elogios a si próprio. Logo após muitas críticas cítricas, deboche e pouco caso nas demais postagens dos outros autores ou elogios rasgados, salpicados aqui e ali entre alguns predestinados, com a finalidade de receber de volta algum trocado. Ele é múltiplo, tanto quanto os provedores permitem sua proliferação. Destila veneno na rede na versão feminina ou masculina, buscando sempre desestabilizar a comunidade virtual. Tudo depende de seu tesão fantasmagórico do dia.

No meio de seus porres emocionais, onde a ética é esquecida ou fica apenas restrita a não fazer pequenas fofocas; já que é para fazer sacanagem que seja bem grande, pequena não vale a pena. Seu plantão na net é direto, sem descanso, pois afinal, fantasmas não possuem vida real, ora bolas!

Ele adora escrever pornografia depois que enche a cara de alguma cachaça mal-amada, mas se tomar um vinho seco ele se incorpora da Bárbara Heliodora e vira um severo crítico.

Não é sobre heterônimos que me refiro, prática comum entre escritores. Não é sobre nickname, prática comum em chats. É sobre falsa identidade de alguns usuários da rede, intitulando-se escritor, crítico ou leitor solitário.

Foi muito comum no passado, autores escreverem as aventuras e andanças de personagens do sexo oposto (Georges Sand, Inspector Poirot e outros tantos) com a adoção de pseudônimo, tudo feito para ocultar e proteger as verdadeiras identidades criadoras. Já na atualidade essas práticas foram caindo em desuso, acredito como natural conseqüência da progressiva mudança dos costumes e dos graus de permissividade social e até mesmo da gradativa dilatação dos limites da tolerância social, intelectual, psicológica, emocional, física. Segredo já não precisa ficar entre quatro paredes nem na vida real, que dirá no papel. Intimidades ficam em horário nobre, basta ver um BBB. Assim sendo, confesso estranhar esse zelo 'extemporâneo' que o fantasma virtual tem em sua criação literária dita "livre" de qualquer coisa. Por que ele não exerce diariamente essa muito bendita liberdade descrevendo sem falso pejo, pensamentos, emoções, sofreguidões eróticas, lascivas, em estilo próprio ou apenas seu besteirol, mas assinados com seu próprio nome ou heterônimos literários num provedor que não mente? Deixe para os leitores a elaboração da imaginaçaõ, cada qual individualmente e nos modelos restritos ou amplamente libertos de seus próprios códigos de moral, de conduta, etc. Não quero pregar a abolição dos zelos! Jamais! Apenas expresso uma certa surpresa ante as restrições impostas, através dos diversos nickname do fantasma. A convenção de conduta comportamental do espectro virtual está ligada a que afinal? Não há, claro, possibilidade de reger os pensamentos e emoções dos leitores quando muito consegue insinuar os climas e situações apropriadas às suas narrativas ou comentários maliciosos. Não vai fazer a cabeça de ninguém, por mais débil mental que ele considere os usuários da rede, não vai ser julgado e condenado. Se algum leitor se der a construir conclusões próprias a respeito do comportamento moral ou das atividades sexuais do criador, é um babaca perfeitamente descartável.

Concluo portanto, que o fantasma virtual se construiu e se dividiu em vários fantasminhas (tem horas que ele é até camarada), não para expandir suas emoções, seus conhecimentos literários, expor suas idéias ou fazer novos amigos. Ele se criou apenas para desacreditar o espaço virtual, visto que no mundo real é obrigado a expor sua cara e pra isto é preciso coragem, coisa que os fantasmas não possuem. Sempre adoraram assustar criancinhas. Ele está por aqui só para invalidar a seriedade dos trabalhos feitos por usuários da rede que possuem RG, aqui IP. Vaga apenas para destruir aqueles que talvez não possuam os seus conhecimentos lingüísticos e sua farta vontade de ser um demônio pornográfico, um anjo lírico, mais um notável Leminski ou talvez a tarefa mais difícil. Ser um humano com cara e vergonha nela. Perambula pela net tentando ouvir o eco de seus gritos. 
Como aqui é sem som restou-me a constatação: - Coitado.

Rosa Pena
Enviado por Rosa Pena em 21/01/2006
Alterado em 22/10/2008
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