02/04/2007 22h39
AI AI!
Rosa Pena



A semana tava sendo tudo de ótimo, até o sábado. O lançamento bonito demais e nem o olho da Juliana Paes tinha conseguido atrapalhar. Lógico que apareceram alguns ex-fumantes que adoram o Dráuzio Varela e sonham em estar no Fantástico afirmando que é facinho, facinho parar de fumar, exceto pra moi, a pecadora. Tinham também algumas Tatis, mas que por falta de barracos não quebraram nada de nada.

Havia recebido muitos e-mails, flores e a linha de gente pra receber a dedicatória parecia mais fila do Itaú pós-feriado.



Mas como tristeza não tem fim, felicidade sim, fui convidada por amigos para celebrar o UI! no domingo! Amigo é amigo!Inimigo não declara, né?

Fui feliz da vida levando picanha, máquina e biquíni.

Cheguei sorridente sem saber que estava prestes a fazer uma tese de defesa sobre os erros contidos no meu livro. Sequer tinha lido ele com atenção, pois confiei plenamente no meu revisor. Agora sei que tem erros, ele diz que se envolveu tanto com o conteúdo que algumas coisas passaram batidas. Aqueles "hs" que ele colocou foram coisas do demo, já que era pra ele errar que não fosse por menos.

Fui cumprimentada e apresentada pra nova namorada de um velho amigo.

ELA estava com o UI e lápis vermelho na mão.



Começou ali a inquisição.

- Tem erro na página 22, lá não tem "h", se ferrou toda nessa. Na 27 é "o apetite", "apetite" é homem viu?

- Caraca eu não tinha visto. Como os meninos deixaram passar? Esse "h" eu nunca vi!

- Agora me diz quem é o dono do bigode do prefácio?

- Olha pra ele, apontei pro meu marido.

- Quero uma resposta direta.

- Ele!

- Ele quem? Diz o nome.

-Tuninho!

- Sabia que cara lisa também dá tesão?

- Desculpa pelos erros do meu revisor e pelo bigode do meu amor!

- Agora não adianta mais, já publicou.

- Façamos o seguinte, quando você morrer faça uma lápide colocando:


"Aqui jaz uma perfeita covarde que nunca se arriscou”.



Dei as costas e parti chorando de raiva. Chorei ainda hoje de tristeza. Muitos amigos, porém, me avisaram que meus UIS! são mais importante do que uns "hs" mudos, letrinha dispensável, que para ter seu momento de glória se infiltrou nos meus textos. E o apetite sem querer virou gay!

Quem quiser ler meu livro como obra prima, lembre-se que o correto é obra na casa da prima. Ele é um barraco com meus sonhos, que vive em construção. A prima é quem me lê com os olhos do coração.

Publicado por Rosa Pena em 02/04/2007 às 22h39





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